Intuição: quem e o quê contribui na minha vida

Você já questionou para quê serve a intuição? Quais pessoas contribuem na sua vida? Em algum momento ou situação você se pegou refletindo sobre como algumas pessoas entraram na sua vida e porque continuam nela? E por que outras saíram?

E ao se defrontar com essas perguntas você conseguiu rememorar como conheceu fulano, ciclano, beltrano, as primeiras sensações e impressões que teve sobre essas pessoas e se elas se confirmaram mais tarde ou não?

Já parou para pesquisar e analisar por que certas impressões e pressentimentos sobre pessoas ou situações ocorrem e funcionam com você? Talvez você não deseje pesquisar sobre o assunto, mas você já teve a sensação de que toda vez que ignora sua intuição você paga algum preço por isso?

E afinal de contas, o que é intuição? No texto de hoje abordarei a definição de intuição, exemplos de situações nas quais ela se manifesta e alguns desdobramentos possíveis da ação de considerar ou ignorar seus avisos. Resumidamente a intuição funciona como nossa guia.

A diferença entre intuição e ilusão

Segundo o dicionário Oxford Languages intuição é a “faculdade ou ato de perceber, discernir ou pressentir coisas, independentemente de raciocínio ou análise”, ou seja, uma forma de conhecimento inconsciente.

E é assim que a intuição realmente parece e se manifesta: como algo ilógico, sem sentido racional, uma certeza que não sabemos de onde vem e por qual motivo estamos sentindo. E esse é precisamente um dos fatores pelos quais a descartamos assim que recebemos a informação.

Em alguma ocasião você viu uma pessoa pela primeira vez e após alguns minutos ou segundos na presença dela você teve a impressão de que uma relação com ela seria boa ou ruim? Ou sentiu que determinada situação traria uma sequência de acontecimentos bons ou ruins sem saber explicar racionalmente como chegou àquela conclusão?

Essa situação é o que podemos chamar de intuição ou nosso corpo nos avisando sobre as coisas. Você já ignorou sua intuição? Se sentiu mal com ela porque considerou que estava julgando negativamente alguém que você nem conhecia direito?

Então saiba que a intuição, diferente da ilusão, nos deixa desconfortáveis em certo nível, independente se a sensação que a acompanha seja boa ou ruim. Isso ocorre porque sensações intuitivas não podem ser comprovadas ou refutadas de maneira racional.

Enquanto a intuição acompanha uma incerteza sobre as impressões que sentimos, até que é comprovada no transcorrer das nossas vidas, a ilusão traz a segurança da certeza que nos leva a ignorar incoerências e nos prende a uma falsa zona de conforto.   

Como funciona a intuição na prática

Quando começamos a ver nossa vida retrospectivamente, a partir dos momentos de crise que passamos e porque eles foram marcantes, muitas vezes percebemos a presença da nossa intuição e do nosso corpo indicando certas coisas antes dos eventos fatídicos ocorrerem.

Conscientes disso, vislumbramos padrões em algumas amizades e relacionamentos que tivemos desde a família, a escola, passando pela faculdade e o trabalho.

Foi um parente que você não conhecia, que veio visitar seu avô e você achou que tinha algo estranho e ruim nele. Anos depois você descobriu por outros familiares seus que sua primeira impressão dele infelizmente era verdadeira.

Foi aquela experiência na escola, quando uma criança nova chegou e só de olhar para ela você se sentiu arrepiada e ameaçada sem saber o motivo. Ou na faculdade quando acendeu uma sirene na sua mente quando uma colega falou algo que não era feitio dela dizer. Ou mesmo aquela amizade que não teve um início fluído e que você não lembra precisamente porque não quis se envolver com a pessoa logo de cara.

Analisando esses eventos todos você percebe que viveu incoerências com essas pessoas. Momentos de elogios seguidos da constatação de que “você é perfeita e eu não sou assim”. Críticas sutis em ocasiões inesperadas, geralmente quando você agia diferente da pessoa.

Em alguns momentos suas escolhas foram questionadas e a colega ou amiga apresentou soluções e até passo a passos para que você melhorasse ou mudasse de vida. Detalhe: melhorar envolvia ajudar ela ou se aproximar do estilo de vida dela. Mas só até onde ela considerasse que você deveria chegar. E você sentia que tinha algo errado nisso. Você se sentia presa de alguma maneira.

E então, por uma fração de segundo, você pode ter perguntado a si mesma “Com que tipo de pessoas eu estou andando?” ou até “Por que eu convivo com essas pessoas mesmo?” antes de continuar nessas relações porque ainda não era capaz de compreender do que se tratava ou de deixar elas para trás.

Indo além dos exemplos negativos

Você já ignorou a sensação de que havia algo estranho ou mecânico na sua relação com uma pessoa? E depois de meses, talvez anos, se decepcionou ou desiludiu com ela e questionou como não percebeu que essa pessoa era assim antes? E então recordou do(s) momento(s) exato(s) em que percebeu algo fora do lugar e ignorou sua percepção?

Isso faz parte da vida. Vivemos para ter experiências. E várias experiências repetitivas somam para que tenhamos a percepção de que nossa intuição é valiosa. E nem todas as experiências que temos envolvendo eventos desse tipo são negativas.

Em algum momento você teve a impressão que uma pessoa ou situação poderia ser legal, dar certo ou contribuir com você sem saber explicar racionalmente os motivos? E depois de algum tempo os fatos e eventos confirmaram isso cada vez mais? Isso também é intuição.

Sabe aquela pessoa que você viu de longe pela primeira vez e logo a notou? Foi como se algo magnético te aproximasse dela. E depois as conversas e o desenrolar das interações com ela só confirmaram a sensação positiva e o interesse que ela te despertou. No final das contas ela acabou contribuindo muito para a tua vida.

Eu também poderia citar aquele dia em que você decidiu comprar o carro X e quando chegou na concessionária para ver e negociá-lo ele tinha sido vendido. O vendedor ofereceu outro que você nem cogitava e você gostou dele e teve uma sensação boa a respeito mesmo não sabendo por quê.

Na sequência todos os demais aspectos sobre o carro e a transação simplesmente se resolveram com uma facilidade impensável. E depois de anos você constata que o carro nunca deu problemas apesar de, na época, a marca ser considerada problemática. Então você lembra que apenas teve uma boa impressão sobre um carro em uma situação incomum.

Esses também são sinais intuitivos. Ocorrem em situações e eventos em relação aos quais conseguimos “capturar” antecipadamente o desenrolar dos fatos e depois vemos que nossa percepção se concretizou de alguma maneira.

A intuição como aliada

Notadamente é para nos orientar previamente que a intuição se manifesta, revelando quem e o quê será contribuição ou não para nossa experiência e para o que estamos desempenhando e procurando fazer.

É maravilhoso saber que podemos contar com nosso próprio GPS interno para nos orientar e evitar perrengues e sofrimentos lá adiante. Você já reconheceu e agradeceu pela sua intuição hoje?

E não é apenas sobre intuição que podemos falar ao nos referirmos à nossa aura e aos sinais dados pelo nosso corpo. Você tem ideia do seu tipo de personalidade? Sabe como seu corpo e sua mente funcionam junto às suas emoções?

Você funciona bem trabalhando na companhia de outras pessoas o dia todo? Precisa de algum tempo ou espaço sozinha? Como você recupera sua energia? A sós? Em grupo? Fazendo alguma coisa específica? Você tem energia o tempo todo?

Saber quem somos passa por levantar e responder a esses questionamentos. Até porque conhecendo a mim mesma eu consigo desenhar uma vida que inclua todas as minhas potencialidades. Uma vida que contribua para mim. Só depois sou capaz de transbordar e contribuir com os outros.

E se eu estou focada em construir uma vida onde eu esteja em primeiro lugar, onde eu esteja bem e saudável, para então conseguir fazer algo para ajudar o outro, então eu preciso identificar as pessoas e situações que auxiliam no meu desenvolvimento e quais estão me travando. Para isso a intuição e a observação são fortes aliadas.

Identificando pessoas e situações importantes

No texto de hoje abordei a intuição com o objetivo de trazer alguns esclarecimentos sobre esse tipo de experiência sensorial tão distinto e tão ignorado porque não é compreensível às nossas faculdades racionais.

Eu mesma ignorei e descartei racionalmente minhas intuições diversas vezes. Tempos depois me peguei recordando-as enquanto refazia mentalmente o caminho ao passado onde determinados eventos ocorreram comigo. E notei que todas as vezes que tive sensações e certezas sutis em relação a algo isso se concretizou depois. A intuição sempre esteve ali para me orientar.

Nossas vidas são eternos movimentos de perguntar e experimentar. Observar, sentir, reformular a pergunta, experimentar novamente. Perceber o que muda, o que melhora e o que piora a partir disso. Agir com foco em fazer algo bom, bonito e útil, primeiramente para nós mesmos para então, quem sabe, extravasar aos outros.

Porque na vida ninguém muda ninguém. Muda quem quer. Muda quem escolhe mudar. Nós somos agentes de inspiração para os outros e os outros para nós. Inspirados podemos escolher mudar e nos movimentar em direção à mudança. Agir, fazer acontecer e escolher as melhores companhias e espaços nos quais queremos transitar para manifestar quem somos em essência.

Tudo isso pode ser potencializado e facilitado se estivermos atentos e despertos para considerar os sinais que nosso corpo e nossos sentidos nos dão. A intuição confirma quem contribui conosco e quem está ali apenas para se favorecer às nossas custas.

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